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Tô de volta na Retrospectiva 2023 para falar de Inovação (um tema que eu, particularmente, amo). Sempre fui 101% tecnológica e meu radar jornalístico vive ligado nas tendências, novidades e reviravoltas do mercado. Mas esse ano, senhoras e senhores… Teve gente inovando até demais, até no que não devia.

Ô Musk, me ajuda a te ajudar!

Não sou boa de indiretas, acho que você aí do outro lado da tela já percebeu. É claro que vamos começar relembrando (com risos de nervoso) as principais presepadas do nosso poderoso chefinho, alecrim dourado da tecnologia mundial… Elon Musk! O bilionário dono da Tesla, da SpaceX e do finado Twitter, que agora se chama X, nos brindou quase que semanalmente com manchetes tragicômicas sobre os seus delírios de empresário-rebelde-sem-causa. Chegamos a ponto de (e eu posso falar tranquilamente em nome de todo o time editorial do Adnews) estranhar quando ele passava muito tempo sem aprontar, tal como uma criança mimada mesmo.

Musk começou o ano contrariado, perdendo milhões em receita de publicidade por conta de seus posicionamentos excêntricos. Sendo favorável à liberdade de expressão irrestrita, acabar com a moderação do Twitter foi uma das primeiras medidas tomadas pelo bilionário após a aquisição da plataforma, ainda no ano passado. Mas, a atitude desagradou diversas marcas, que não queriam ter seus nomes vinculados a uma rede social que permite discursos de ódio e opiniões preconceituosas sem o menor pudor. Esse episódio deu start na debandada dos anunciantes.

Daí para frente, foi só para trás: Musk passou a colecionar sandices no comando do Twitter. Limitou o número de tweets que poderiam ser visualizados, aplicou um atraso de cinco segundos no acesso a determinados sites simplesmente por não gostar deles e até solicitou a demissão do CEO da Disney, Bob Iger!

A audácia do nosso menino mimado atingiu o auge no dia 24 de julho, que tinha tudo para ser uma segunda-feira qualquer, mas acabou marcado na história mundial como a data da queda do Twitter. Nesse dia, o mundo amanheceu com a notícia da morte do passarinho azul Larry (que muitas pessoas sequer sabiam que tinha nome) e a mudança do nome da plataforma para X.

A prova de que a mudança foi mais um dos caprichos do bilionário é a transição mal feita. O anúncio foi realizado bruscamente em seu perfil oficial no Twitter, na noite de domingo (23). O logotipo mudou, mas até hoje, não adianta digitar “x.com” em seu navegador para acessar a plataforma. É preciso digitar “twitter.com”.

As pessoas também ainda se referem às publicações da rede social como “tweets”, e o ícone que referencia a página na aba do navegador ainda é o passarinho Larry em algumas áreas da plataforma. Mas, Musk fez o possível para se livrar do maior número de vestígios do passado feliz da plataforma, promovendo até um leilão com itens da rede social. Curiosamente, um dos lotes incluía uma das placas do Twitter que ainda estava fixada na sede da empresa em San Francisco (EUA), com a observação de que o comprador seria responsável por coordenar a remoção licenciada da mesma. Depois da popular expressão “presente de grego”, seria essa uma “aquisição de grego”? Em tempo, que me perdoem os gregos, que não têm culpa das loucuras de Musk.

Quer mais? Temos, claro! Como esquecer da suposta rinha dos bilionários” que movimentou a web e a imprensa internacional? É claro que Musk não ia deixar de provocar seu concorrente, Mark Zuckerberg. Mais quente que qualquer FLA x FLU, esse foi o embate do ano.

Elon Musk e Mark Zuckerberg devem se enfrentar em “rinha de bilionários”

Elon Musk e Mark Zuckerberg protagonizaram “rinha de bilionários” na web. (Arte: Jéssica Bitencourt)

As provocações entre os bilionários começaram com uma discussão nas redes sociais que parecia piada, mas o presidente do UFC, Dana White, chegou a afirmar que Zuckerberg e Musk já tinham até data para se enfrentar no octógono e que o lucro da luta seria revertido para a caridade! Até o Coliseu foi cogitado como cenário para o espetáculo que o mundo aguardou (e que, obviamente, não aconteceu). Eu preciso dizer que, como todos os jornalistas, nosso time pegou a pipoca e sentou para acompanhar a repercussão no melhor estilo “meme do Michael Jackson no cinema”? Não, né? Noticiamos tu-di-nho, e já estamos ansiosos para saber o que poderoso chefinho vai aprontar em 2024.

Quanto maior a subida, maior a queda…

Ou será que não? Enquanto Musk dava asas aos seus caprichos, Zuckerberg estava trabalhando em um rival à altura do X que resgataria tudo de bom que havia no Twitter a.m. (antes de Musk). A promessa deixou nações, incluindo a brasileira, com olhinhos brilhando, mas… Não se cumpriu.

Lançado no dia 6 de julho, semanas antes da polêmica transformação do Twitter em X, o Threads (threadinho, para os íntimos) foi recebido pelos brasileiros com bastante entusiasmo. Nas primeiras 24h, 30 milhões já correram para experimentar o rival “amigável” da rede social do passarinho, entre celebridades, influenciadores e empresas. Em metade desse tempo, a cantora Anitta já havia alcançado 1 milhão de fãs na plataforma.

As primeiras publicidades no Threads também apareceram rápido. Porém, na mesma velocidade em que essa montanha-russa de emoções decolou, ela caiu em queda livre (só não sabemos se foi para sempre).  Por conta da ausência de recursos, uma semana depois, a rede social amargou sua primeira queda: 20% no número de usuários diariamente ativos. Desde então, a Meta entregou uma versão web da plataforma e a possibilidade de exclusão da conta de forma independente do Instagram, prometeu hashtags e outras atualizações. Mas, cadê o aguardado feed personalizado? Cadê o envio de mensagens diretas, as famosas DMs? Por enquanto, nada.

A tour do Threads certamente continuará em 2024, e estaremos prontos para atualizar você.

Mais lançamentos

Quem também ganhou um rival em 2023 foi o ChatGPT. A Alphabet Inc., empresa controladora do Google, lançou seu chatbot de inteligência artificial na Europa e no Brasil. Essa é a maior expansão do Bard, nome dado à ferramenta, desde o seu lançamento nos Estados Unidos e no Reino Unido, em março deste ano.

Assim como o ChatGPT, o Bard também é uma IA generativa, que pode responder à perguntas de maneira humana. Mas, por enquanto, a ferramenta da OpenAI segue sendo a mais utilizada pelos brasileiros.

E a OpenAI, hein?

Falando nela, em 2023, a OpenAI andou mais preocupada com suas questões internas do que com a concorrência no mercado. No dia 17 de novembro, o conselho da empresa anunciou a demissão do CEO Sam Altman, alegando que ele não teria sido “franco em suas comunicações”, gerando perda de confiança por parte dos membros seniores. Mas, em uma reviravolta emocionante, a decisão provocou reações negativas dentro da OpenAI, incluindo a saída imediata do presidente Greg Brockman e a revolta de mais de 743 colaboradores, que representavam 96% da força de trabalho total da empresa.

Em solidariedade à saída de Altman e Brockman, os funcionários divulgaram uma carta aberta no dia 21 do mesmo mês, declarando que estavam dispostos a seguir os dirigentes, que migraram para a Microsoft, a menos que o conselho os reintegrasse à companhia e pedisse demissão imediatamente. A empresa criada por Bill Gates também chegou a afirmar que havia espaço para acomodar todos, o que provocaria um desmonte na OpenAI.

Com tanta pressão, o conselho não teve escolha e voltou atrás, anunciando o retorno de Altman e o final feliz da história pelo menos para os ex-demitidos, já que metade do conselho foi obrigado a renunciar à cadeira.

Esse período de turbulência levantou questões sobre como um grupo de apenas quatro pessoas poderia tomar decisões que abalariam um negócio tecnológico multibilionário, colocando o mundo e a imprensa internacional de olho em possíveis desdobramentos.

Reviravolta surpreendente traz Sam Altman de volta ao comando da OpenAI

Reviravolta surpreendente traz Sam Altman de volta ao comando da OpenAI. (Foto: Justin Sullivan/The Verge)

E a palavra do ano foi…

Inteligência artificial, é claro. O tema foi campeão entre os assuntos favoritos dos nossos colunistas, figurou diversas vezes nas matérias de Negócios, Criatividade e Transformação, e também foi responsável por inovações que nunca pensamos serem possíveis (eu, com certeza, nunca pensei).

Esse ano, a IA possibilitou a criação de músicas inteiras (melodia e letra inéditas, ou covers) e distribuição nas principais plataformas de streaming, dividindo opiniões em todo o mundo. Por um lado, a ferramenta fez um ótimo trabalho com vozes de artistas famosos, mas por outro, quem recebe os direitos autorais dessas músicas? A discussão mobilizou o YouTube, o Google, o TikTok e várias gravadoras na busca por uma solução, mas até o momento, nada foi definido.

Enquanto uns choram, outros vendem lenços, ou melhor, shows! É o caso da banda de hard rock KISS, que anunciou sua aposentadoria definitiva dos palcos, mas nem por isso planeja deixar de se apresentar (e lucrar com isso, obviamente). Isso porque a banda utilizou a IA para criar avatares perfeitos de seus integrantes e testou a tecnologia no final de seu último show, no Madison Square Garden. Os fãs foram à loucura!

A ideia está sendo chamada de “imortalidade digital” e segue a receita já praticada pela banda ABBA, que também se aposentou mas deixou avatares realizando performances, e segundo relatos, fatura a bagatela de £ 2 milhões por semana.

E não podemos falar de inovação em 2023 sem relembrar essa pérola da inteligência artificial. A campanha que celebrou os 70 anos da Volkswagen do Brasil marcou o ano, gerou polêmica, desafiou o tempo e, com certeza, emocionou. Especialmente por se tratar de mãe e filha que nunca haviam cantado juntas! Goste você ou não, todos temos que admitir que a ideia foi brilhante (e brilhantemente bem executada também, com muito bom gosto).

 

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