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Estamos passando boa parte da nossa vida no ambiente on-line. Com isso, fica cada vez mais difícil distinguir vida “real” de vida virtual. E o fato é que isso só deve acelerar nos próximos anos, quando o metaverso trouxer uma camada digital à vida de todas as pessoas.

Essa definição, aliás, é a que mais gosto para explicar o conceito de metaverso: uma camada digital em nossa vida rotineira. Você deve ter ouvido falar bastante disso nas últimas semanas, mas, com certeza, tem algumas dúvidas do que tudo isso significa. 

Em linhas bem gerais, é um universo virtual onde as pessoas – ou melhor, seus avatares – podem se encontrar, estreitar relacionamentos e criar comunidades. Um espaço sem fronteiras, descentralizado e interoperável, onde todos podem interagir com conteúdos de maneira ativa, ao contrário de consumir passivamente algo.    

Parece coisa de filme, mas já passei da fase de me perguntar se isso vai mesmo acontecer. Estou na fase de imaginar como tudo isso vai acontecer. E o exercício tem sido absolutamente incrível. 

Nunca fui um grande usuário de games. Sempre achei que diversão boa é aquela ao ar livre. Mas, há cerca de quatro anos, tive a oportunidade de visitar o headquarter do Facebook (hoje Meta) em Menlo Park, e uma das reuniões foi com o time do Oculus – empresa que produz óculos de realidade virtual. Vivi uma experiência incrível testando um jogo e não queria mais sair dali. A imersão em um mundo virtual com imagens realistas transformou completamente a minha percepção sobre games.

Escrevo este artigo para refletir sobre como o metaverso pode transformar nossas vidas e, mais à frente, busco exemplos de como deve impactar várias (ou todas?) indústrias.  

A primeira delas é a de TVs. Passei a acreditar que qualquer tela é por definição uma limitação. E, com isso, os fabricantes terão que se reinventar, pois acredito que poucas pessoas vão querer comprar TVs. Será mais barato comprar um óculos para desfrutar de uma experiência brutalmente superior. Inclusive com a participação de sua família ou amigos, estejam eles ao seu lado no sofá ou em outro país.

Imagine ir a um show e conseguir ficar de cara com seu artista favorito? Aquele lugar que faz com que os fãs passem dois dias acampados na calçada do estádio para conseguir pegar assim que os portões se abrem. E mais: esse show pode ser ao vivo, de verdade, mesmo que o artista esteja a milhares de quilômetros da sua casa.

Outro exemplo: viajar para o Japão. Andar pelas ruas em tempo real, vendo as coisas como elas são, mas sem pegar dois dias de avião nem gastar em Iene, tampouco ter dificuldade com a língua, com a comida… imagina o impacto na indústria do turismo? É como se o teletransporte tivesse chegado. Só não havíamos imaginado que não seria necessário estar lá para poder “estar lá”. Safáris na África serão mais sustentáveis e trarão bem menos impactos para os animais. Ver a tão sonhada Aurora Boreal, sem passar frio, custará poucos dólares!

Agora, pense na indústria da moda. Tem gente comprando marcas famosas e recebendo itens virtuais. Já imaginou a margem dessa venda? A empresa desenvolve o gráfico, e pronto. Não é preciso entregar nada além disso: sem fábrica, sem matéria-prima, sem logística, sem embalagem. Claro que os preços serão mais baixos do que um item físico, mas com uma margem altíssima. Sem falar na escala a que se pode chegar. Vamos além: extrapole isso para imóveis, carros, barcos, aviões… tudo que se possa imaginar. E já temos exemplos de casas e terrenos vendidos a preços altos no mundo virtual.

O segmento de academias também deve se transformar, com possibilidades de tornar o exercício físico bem mais divertido. Imagine substituir uma corrida na esteira por uma interação virtual, dando socos em bolas de fogo que vêm na sua direção, pulando objetos, chutando monstros alienígenas… ok, talvez eu esteja exagerando nesse exemplo, mas o fato é que o metaverso abre um espaço para a criatividade que nunca imaginamos. Apps como o Zwift, por exemplo, é uma porta de entrada para você pedalar ou correr por diversos lugares do mundo sem sair de casa, competindo com seus amigos num cenário virtual que reproduz cartões-postais de grandes cidades. 

Trabalho: a pandemia nos fez adotar o trabalho remoto. Muitos líderes mencionam a falta de interação entre os colaboradores como um limitador da inovação. Eu concordo! Saímos das salas de reuniões e passamos a viver oito horas por dia em videoconferências. Não raro percebo que algumas pessoas estão fazendo outras tarefas durante essas reuniões virtuais, seja lendo e-mails, ou qualquer outra coisa. Quando uma pergunta é direcionada a elas, a resposta é: “Pode repetir?”. No mundo do metaverso, apesar de as pessoas estarem em suas casas, acredito que toda a linguagem corporal estará presente na reunião, tornando o trabalho remoto muito mais “presencial”. Permitindo, inclusive, que pessoas se levantem e capturem pontos da discussão em quadros que todos podem ver e interagir. Quanta falta eu sinto das canetas coloridas e dos quadros brancos nas paredes!

Por fim, as marcas já perceberam o potencial do metaverso e estão cada vez mais presentes nesse universo, com estratégias inovadoras de marketing. Já começamos a ver influenciadores desenvolvendo seus avatares para poderem marcar presença no mundo virtual. Assim como no mundo que conhecemos, será fundamental cada marca encontrar uma forma de participar da conversa sem ser uma interrupção, seja ajudando a construir uma nova experiência, prestando um serviço, oferecendo um entretenimento ou vendendo acessórios relevantes para esse novo mundo. Aqui na Visa, por exemplo, temos um papel fundamental em garantir a segurança dos pagamentos e da movimentação de valores que acontecerão ali dentro.

Enquanto esse novíssimo cenário se constrói na nossa frente, precisamos repensar como estabelecer conexões pessoais e comerciais e ser relevante num mundo em transformação. 

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