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No seu lançamento, em novembro de 2022, o ChatGPT, ferramenta da empresa OpenAI, atraiu a atenção curiosa de milhões de pessoas, incluindo o renomado pesquisador em visualização de dados Kim Albrecht. Fascinado pelo potencial e pelas limitações da inteligência artificial, ele mergulhou no tema, enviando mais de 1,7 mil prompts à API do ChatGPT, buscando descobrir os domínios do conhecimento da IA e as tendências por trás da nova tecnologia.

Seus esforços resultaram no Artificial Worldviews, um mapa interativo que se assemelha à uma galáxia, com mais de 32 mil estrelas. Cada estrela representa uma resposta gerada pelo ChatGPT dentro de diversos temas, oferecendo aos usuários um meio empolgante de explorar e entender o repertório do sistema.

“Eu esperava criar uma interface que tornasse fácil para as pessoas mergulhar e encontrar essas coisas dentro dos domínios sobre os quais elas têm conhecimento. Sistemas sempre terão uma tendência para alguma coisa, e para mim, é crucial neste momento tentar entender o que é essa tendência”, explica.

Albrecht começou sua jornada perguntando à plataforma qual conhecimento ela possui. A resposta inicial foi uma enumeração de tópicos amplos, como comida, geografia e medicina. Daí em diante, ele refinou suas investigações, mergulhando em cada um dos subcampos para entender as nuances.

Pesquisador cria mapa interativo que revela as tendências e descobertas do ChatGPT

Mapa interativo conta com mais de 32 mil estrelas que representam respostas dadas pelo ChatGPT. (Foto: Reprodução/Artificial Worldviews)

À medida que o pesquisador se aprofundava, as descobertas foram revelando dados surpreendentes. Albrecht descobriu que, das cinco pessoas mencionadas com mais frequência, três eram mulheres envolvidas nas áreas ambiental e de conservação. Rachel Carson, autora de ‘Silent Spring’ (‘Primavera Silenciosa’), lidera o ranking com 73 menções. A primatologista Jane Goodall ficou em segundo lugar, com 60 menções, e a ativista queniana Wangari Maathai, entre Aristóteles e Isaac Newton, ocupa o quarto lugar, com 44 menções.

Essas descobertas instigantes provocam reflexões sobre como o ChatGPT analisa um prompt e obtém suas respostas. Sobre os dados acima, por exemplo, o pesquisador pondera se a IA da OpenAI estaria desenvolvendo uma preocupação com o meio ambiente e o planeta, se é que uma inteligência artificial consegue ter essa percepção. Albrecht também adverte que nem todas as interfaces de IA produzirão resultados semelhantes.

Conforme a popularidade do ChatGPT cresce, os pesquisadores alertam ainda para algumas falhas e perigos que a plataforma representa, desde a desinformação até a promoção de conteúdo prejudicial. Em sua coleta de dados, Albrecht observou que, embora a ferramenta tenha diretrizes de moderação censurando alguns tópicos, a moderação do sistema ainda está em evolução.

Albrecht reconhece que sua pesquisa captura uma versão mais pura da IA antes dela, potencialmente, se tornar comercializada. O pesquisador consegue ver o ChatGPT solicitando anúncios ou patrocínios no futuro, semelhante à forma como o Google promove determinados conteúdos por meio de seus resultados de pesquisa.

“É um momento interessante que temos agora, porque os sistemas ainda não estão totalmente ocupados pelo capitalismo. As versões que estamos recebendo deste mapa são, talvez, um pouco mais puras do que serão em alguns anos”, ressalta.

No geral, ele espera que seu mapa sirva como uma ferramenta para os usuários considerarem qual conteúdo a plataforma apresenta quando uma pergunta ou solicitação é feita, por que e quem pode estar por trás dos dados nos quais a interface foi treinada. 

“Quem deve definir a lista dos fotógrafos mais importantes, ou das pessoas mais importantes da medicina? Não é nada que alguém possa dizer com certeza. Acho que, pelo menos, este mapa pode funcionar como um espaço onde você pode verificar suas próprias crenças contra as crenças de outros sistemas”, finaliza.

* Com informações do Fast Company

 

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